Espaço com a finalidade de gerar reflexão e apreensão da realidade social com conteúdos de História, Filosofia e de Ciências Humanas em geral, podendo tematizar e discutir também teorias, saberes e pensamento humano.
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Música Coisas de Brasil Rincon Sapiência
É o cinza, é o verde, é o quente, é o frio
É a seca, é o rio, bem vindos ao Brasil
O preto, o branco, o indígena, mixa
Europa, África, acarajé, pizza
Música, lenda, os fato e as fita
O crime, Lampião, Maria Bonita
Fazendo avião, os menor tem o dom
Pera lá, não confunda com Santos Dumont
São coisas de Brasil, arte sem cachê
São coisas de Brasil, sem forçá, sem clichê
Tio Sam insinua que as mina anda nua
Que os caras tão armado e os macaco tão na rua
Câmeras, gruas, filmou, põe na tela
Cinemas, novelas, bundas e favelas
Elite no comando, aproveitadores lucram
O povo se virando, trabalhadores lutam
Na rua a gente vê a real, negô
São coisas de Brasil, não é mole não
Sentado no sofá não vai dar, negô
Nem tudo é verdade na televisão
São coisas de Brasil, os pretos, os dreads
Zumbi vive, não é Walking Dead
Não procede o pensamento fútil
Que resume o Brasil em futebol e glúteo
Luta! Tivemos os nossos guerrilheiros
Salve Marighella, Antônio Conselheiro!
Pega no batente a mão do povo pobre
Que a alegra povo nobre, batendo no pandeiro
Pra larica tem um bom serviço
Tapioca com café, amo muito tudo isso
Do sudeste para o norte muito bom saí
Sol raiando forte e a tigela de açaí
É Tupi Guarani, é Tupiniquim
Taco o fogo no bruxo, que se [dane] o Halloween
Educação nosso adversário
Estádios perfeitos, ensino precário
Mãos à obra, na mão o calo
Acordar antes da cantiga do galo
Água fria vai da cabeça ao ralo
Retrato do meu povo, é dele que eu falo
À procura da paz, sempre pronto pra guerra
Atrás dos seus sonhos, no camp o de terra
No bar dia de jogo, é olho na tela
Tem gol do rapaz que nasceu na favela
O bom samba cura, batucada pura
Do tambor de um revólver, munição perfura
Tristeza, sirene, corpo, fratura
Alegria, família unida e fartura
Viatura de olho nos seus trago
São, quatro homens armados e mal pagos
Jão, a boca que prova do amargo
É a mesma que abre o sorriso mais largo
Igrejas e bar, cultos e doses
Conclusão: bendita seja a neurose
Massa de manobra, não, mãos à obra
Quero mão na massa, não mão na sobra
Os preto na cela se comprime
Boneca preta é raro nas vitrine
Bundas, biquinis, praias, carnavais
Mulher, seu brilho vale muito mais
Entre quatro paredes o meu limite
Pior é tá no limite dos madeirite
Ow! Silêncio na hora do protesto
Gol! O grito que gera amidalite
Elite, controla o ensino da escola
No livro são leigos e gênios com a bola
Brasil, vivemos à margem desse lugar
Onde os Marcola surgem à Beira-Mar
O preto, o branco, o indígena, mixa
Europa, África, acarajé, pizza
Música, lenda, os fato e as fita
O crime, Lampião, Maria Bonita
Fazendo avião, os menor tem o dom
Pera lá, não confunda com Santos Dumont
São coisas de Brasil, arte sem cachê
São coisas de Brasil, sem forçá, sem clichê
Tio Sam insinua que as mina anda nua
Que os caras tão armado e os macaco tão na rua
Câmeras, gruas, filmou, põe na tela
Cinemas, novelas, bundas e favelas
Elite no comando, aproveitadores lucram
O povo se virando, trabalhadores lutam
Na rua a gente vê a real, negô
São coisas de Brasil, não é mole não
Sentado no sofá não vai dar, negô
Nem tudo é verdade na televisão
São coisas de Brasil, os pretos, os dreads
Zumbi vive, não é Walking Dead
Não procede o pensamento fútil
Que resume o Brasil em futebol e glúteo
Luta! Tivemos os nossos guerrilheiros
Salve Marighella, Antônio Conselheiro!
Pega no batente a mão do povo pobre
Que a alegra povo nobre, batendo no pandeiro
Pra larica tem um bom serviço
Tapioca com café, amo muito tudo isso
Do sudeste para o norte muito bom saí
Sol raiando forte e a tigela de açaí
É Tupi Guarani, é Tupiniquim
Taco o fogo no bruxo, que se [dane] o Halloween
Educação nosso adversário
Estádios perfeitos, ensino precário
Mãos à obra, na mão o calo
Acordar antes da cantiga do galo
Água fria vai da cabeça ao ralo
Retrato do meu povo, é dele que eu falo
À procura da paz, sempre pronto pra guerra
Atrás dos seus sonhos, no camp o de terra
No bar dia de jogo, é olho na tela
Tem gol do rapaz que nasceu na favela
O bom samba cura, batucada pura
Do tambor de um revólver, munição perfura
Tristeza, sirene, corpo, fratura
Alegria, família unida e fartura
Viatura de olho nos seus trago
São, quatro homens armados e mal pagos
Jão, a boca que prova do amargo
É a mesma que abre o sorriso mais largo
Igrejas e bar, cultos e doses
Conclusão: bendita seja a neurose
Massa de manobra, não, mãos à obra
Quero mão na massa, não mão na sobra
Os preto na cela se comprime
Boneca preta é raro nas vitrine
Bundas, biquinis, praias, carnavais
Mulher, seu brilho vale muito mais
Entre quatro paredes o meu limite
Pior é tá no limite dos madeirite
Ow! Silêncio na hora do protesto
Gol! O grito que gera amidalite
Elite, controla o ensino da escola
No livro são leigos e gênios com a bola
Brasil, vivemos à margem desse lugar
Onde os Marcola surgem à Beira-Mar
Contextualização e resumo do vídeoSociologia como Esporte de Combate
Sociologia como Esporte de Combate,
contextualização e resumo do vídeo.
Muito se tem falado sobre a relevância
das Humanidades e dos saberes das Ciências Humanas em Geral. Nesse contexto de
justificativa e até de esclarecimento do papel da Sociologia Pierre Bourdieu
(08/1930-01/2002) sempre fazia uso de uma metáfora em seus cursos e
palestras sobre a utilidade da Sociologia. Bourdieu dizia que a Sociologia era
como “um esporte de combate”, e a finalidade do pensamento sociológico para
ele como uma Arte Marcial e uma auto defesa. Nesse sentido podemos também
trazer a fala de Zygmunt Bauman (11/1925-01/2017) que num livro intitulado
Aprendendo a Pensar afirma que “arte de
pensar sociologicamente consiste em ampliar o alcance e a efetividade prática
da liberdade. Quanto mais disso aprender, mais o indivíduo será flexível diante
da opressão e do controle, e, portanto, menos sujeito a manipulação.”. Desse
modo, tanto para Bourdieu quanto para Bauman a Sociologia é uma ferramenta de
auto-defesa no Mundo ou no Tecido Social em que vivemos.
Voltando a Pierre Bourdieu, ele deu uma entrevista
à Rádio francesa RDC nos anos 2000, que deu título a um documentário sobre sua
vida A Sociologia como Esporte de Combate. Na entrevista Bourdieu refuta
a definição de Sociologia como “estudo social dos fenômenos sociais entre os
homens”, afirmando que é uma definição difícil de entender; para Bourdieu o sociólogo
como todo cientista busca estabelecer leis, identificar regularidades, e
definir os princípios dessas regularidades, ou seja, perceber o que acontece no
mundo social com mais frequência para universalizar ações regulares que
beneficiem o conjunto da Sociedade. Para exemplificar, o sociólogo faz uso do
exemplo produto de estatísticas de que “Filhos de professores vão melhor na
escola que filhos de operários. Nesse exemplo Bourdieu expõe o método do fazer
sociológico, que é produto de análise e reflexão embasadas em casos reais, que
por sua vez são mapeados e demonstrados em estatísticas. Neste exemplo, de
filhos de professores e operários nota-se que na maioria dos casos e, não em
todos, os filhos dos professores vão melhor na escola que os filhos dos
operários, podendo haver exceção nesta regularidade. Saber por que isso
acontece é importante para o sociólogo porque ele pode sugerir uma política
pública que replique para os pais operários as ações que melhorem o desempenho
de seus filhos.
O entrevistador observa que um dos conceitos
forjados por Bourdieu é a reprodução social, e questiona-o sobre a
desigualdade, inquirindo o que é a desigualdade social e porque ela existe, a
quem interessa ela existir e como a desigualdade social se legitima na
sociedade. Bourdieu reconhece que é um vasto problema e difícil de abordar, não
aceita a questão referindo-se a ela como metafísica. De todo modo essa questão
é controversa.
A entrevista segue e o entrevistador traz o
conceito de reprodução social que leu na obra do próprio Bourdieu. Este fala
sobre a imagem que os sociólogos tinham quando ele começou a estudar a
sociologia que era de que o mundo estava em constante mutação e mudança social,
citando o termo self made man (o homem faz-se a si mesmo). No entanto, Bourdieu
afirma que quando começou a estudar a Sociedade por meio de estatísticas que há
pouca mobilidade social, ou seja, ao invés de a condição social das pessoas na
sociedade mudar e se movimentar permanentemente, há no mundo social certa
estabilidade e uma inércia que gera uma sociedade da permanência e
estabilidade.
Bourdieu questionado ainda sobre a desigualdade
social começa a tratar a questão observando que a desigualdade se dá porque há
transferência de capital. Faz uso de exemplo de um pai rico que mesmo tendo um
filho que não é um bom estudante, arruma meios de transferir o dinheiro que tem
para o filho, inclusive de modo a propiciar que o filho mantenha esse capital.
Bourdieu afirma que existe um outro tipo de capital, que justamente faz com que
o pai rico propicie a seu filho um bom futuro que se origina nas famílias ricas
e abastadas. Esse capital que ele nomeia como capital cultural, vem com a
língua, com o modo que as famílias ricas adquirem cultura: desde o pai contando
histórias para seus filhos e acesso a livros de crianças e o que ele chama de
recursos raros, como arte, literatura, música que tornam a vida da criança que
está numa família com capital cultural mais capacitada para se adaptar na teia
social com mais êxito que uma criança privada disso. O capital cultural observa
Bourdieu se espalha pela dimensão das relações humanas. Citando estudo de uma
socióloga americana ele revela que nos Estados Unidos crianças de classe média
aprendem com suas famílias a se relacionarem melhor com os professores que
crianças de famílias pobres, obtendo assim melhores notas que estas, fazendo
com isso que no sistema de meritocracia de notas americano exista uma
perpetuação e permanência das elites no ingresso às universidades, ou ainda,
controlando o acesso à Universidade pelo dinheiro de famílias ricas que podem
pagar os cursos superiores quando os filhos não conseguem bolsa por terem boas
notas. Isso ocorre de forma análoga com os filhos de samurais no Japão que tem
privilégios na sociedade japonesa.
A desigualdade social mantida pelo capital cultural
é promovida pelo que Bourdieu percebe como uma classe social que se coloca como
beneficiária do Estado, sustentando, por exemplo, que o país irá bem quando
essa classe estiver bem economicamente: “Se minha industria vai bem, o país
está em crescimento. Se a minha empresa está mal é porque o pais está em
crise”.
Bourdieu conclui que a Sociologia serve para
esclarecer as pessoas da realidade de como se organiza o mundo social, a fim de
ajudar as pessoas a criarem técnicas de auto defesa para viver melhor,
conscientes de sua possibilidade de ação.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
Eu Tenho um Sonho 1EM História
Esta
Situação de Aprendizagem tem como objetivo discutir a importância do discurso
pronunciado por Martin Luther King em 28 de agosto de 1963, durante a Marcha de
Washington por Emprego e Liberdade. Importante momento na história do Movimento
Americano pelos Direitos Civis, esse discurso será referência para uma reflexão
sobre questões sociais brasileiras.
Leitura e
análise de texto
O
contexto da luta
Pela atual Constituição brasileira,
promulgada em 1988, o racismo é considerado crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão; porém, nem sempre foi assim. Nos
Estados Unidos da América, desde o final do século XIX, muitos Estados adotavam
a política do “separados, mas iguais”; na prática, isso significava que nos
espaços públicos, como meios de transporte, restaurantes e escolas, negros e
brancos ficavam separados. Além disso, os salários dos negros eram menores que
os salários dos brancos que desempenhavam as mesmas funções. Inconformados com
essa discriminação, os negros estadunidenses intensificaram sua luta pela
igualdade civil.
Nessa luta, destacou-se Martin
Luther King, um pastor protestante que liderou a luta de negros estadunidenses
em defesa de seus direitos civis, nas décadas de 1950 e 1960. Ele pregava a
resistência não violenta, como boicotes dos negros a linhas de ônibus e
estabelecimentos comerciais nos quais houvesse discriminação, além de passeatas
e marchas.
Em 28 de agosto de 1963, em
Washington, capital do país, Martin Luther King organizou uma marcha que chegou
a reunir 250 mil pessoas, a fim de pressionar o governo a implementar leis de
igualdade dos direitos civis. Na escadaria do Lincoln Memorial, um monumento em
homenagem ao presidente Abraham Lincoln, ele pronunciou seu famoso discurso,
popularmente intitulado I have a dream (“Eu tenho um sonho”), pois essa
frase foi repetida pelo pastor diversas vezes. Nesse discurso, ele pregava a
união e a coexistência pacífica entre brancos e negros. Era esse o seu sonho.
Em 1964, foi aprovada a Lei dos Direitos
Civis, que tornou ilegal a discriminação racial em instalações públicas; Luther
King recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Elaborado por Mônica Lungov Bugelli especialmente para o São Paulo faz
escola.
Discurso
“Eu tenho um sonho” (trecho)
“(...) Eu
tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro
significado de sua crença:
‘Acreditamos
que essas verdades são evidentes, que todos os homens são criados iguais’(Sim).
Eu tenho
um sonho de que um dia, nas encostas vermelhas da Geórgia, os filhos dos
antigos escravos sentarão ao lado dos filhos dos antigos senhores, à mesa da
fraternidade.
Eu tenho
um sonho de que um dia até mesmo o estado do Mississippi, um estado sufocado
pelo calor da injustiça, sufocado pelo calor da opressão, será um oásis de
liberdade e justiça.
Eu tenho
um sonho de que os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde
não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter
(Sim,Senhor). Hoje, eu tenho um sonho!
Eu tenho
um sonho de que um dia, lá no Alabama, com o seu racismo vicioso, com o seu
governador de cujos lábios gotejam as palavras ‘intervenção’ e ‘anulação’, um
dia, bem no meio do Alabama, meninas e meninos negros darão as mãos a meninas e
meninos brancos, como irmãs e irmãos. Hoje, eu tenho um sonho.
Eu tenho
um sonho de que um dia todo vale será alteado (Sim) e toda colina, abaixada;
que o áspero será plano e o torto, direito; ‘que se revelará a glória do Senhor
e, juntas, todas as criaturas a apreciarão’ (Sim).
Esta é a
nossa esperança, e esta a fé que levarei comigo ao voltar para o Sul (Sim).
Com esta
fé, poderemos extrair da montanha do desespero uma rocha de esperança (Sim).
Com esta
fé, poderemos transformar os clamores dissonantes da nossa nação em uma bela
sinfonia de fraternidade.
Com esta fé (Sim,
Senhor), poderemos partilhar o trabalho, partilhar a oração, partilhara luta,
partilhar a prisão e partilhar o nosso anseio por liberdade, conscientes de que
um dia seremos livres.
E esse será o dia, e esse será o dia em que
todos os filhos de Deus poderão cantar com um renovado sentido. (...)”
Martin
Luther King, discurso “Eu tenho um sonho”. Proferido na Marcha sobre
Washington, D.C., por Trabalho e Liberdade, em 28 ago. 1963. In: Um apelo à consciência:
os melhores discursos de Martin Luther King. Selecionado e organizado por
Clayborne Carson e Kris Shepard. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. p. 73-76.
1.
De acordo com o texto 1, nos Estados Unidos se adotava a política do “separados mas
iguais”. O que significava isso?
2.
Quem foi Martin Luther King?
3.
Qual foi o fato mais importante protagonizado por Martin Luther
King?
4.
Por que ele disse “Eu tenho um sonho”?
5.
A partir da leitura do texto 2, no qual Martin Luther King relata o seu
sonho, identifique os problemas enfrentados pelos negros dos Estados Unidos
naquela época.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Socialização de Gênero 2EM
Socialização de gênero
Outro caminho a seguir
para compreender as origens das diferenças de gênero é o do estudo da
socialização de gênero, a aprendizagem dos papéis de gênero com o apoio dos
agentes sociais, tais como a família e os meios de comunicação. Esta abordagem
estabelece uma distinção entre sexo biológico e gênero social - uma criança
nasce com o primeiro e desenvolve-se com o segundo. As crianças, através do
contacto com diversos agentes de socialização, primários e secundários,
interiorizam progressivamente as normas e expectativas sociais que correspondem
ao seu sexo. As diferenças de gênero não são determinadas biologicamente, mas
geradas culturalmente. Neste sentido, existem desigualdades de gênero, pois os
homens e as mulheres são socializadas em papéis diferentes. Os funcionalistas
têm favorecido as teorias da socialização do gênero, pois vêem os rapazes e as
raparigas [moças] como aprendizes dos «papéis sexuais» e das identidades
masculina e feminina - masculinidade e feminilidade - que os acompanham.
Rapazes e raparigas [moças] são guiados neste processo por sanções positivas e
negativas, forças socialmente aplicadas que recompensam ou restringem o
comportamento. Um rapaz poderá ser positivamente sancionado no seu
comportamento, por exemplo, («És um menino muito corajoso!») ou receber uma
sanção negativa («Os meninos não brincam com bonecas»). Estes acompanhamentos
positivos e negativos ajudam os rapazes e as raparigas na aprendizagem dos
papéis sexuais que se espera virem a desempenhar e a conformarem-se com eles.
Se um indivíduo desenvolve práticas de gênero que não correspondem ao seu sexo
biológico - isto é, comportamentos desviantes - procura-se a explicação numa
socialização inadequada ou irregular. Segundo esta perspectiva funcionalista,
os agentes de socialização contribuem para a manutenção da ordem social ao
supervisionar a socialização natural do gênero nas novas gerações. Esta
interpretação rígida dos papéis sexuais e da socialização tem sido alvo de
críticas em muitos aspectos. Muitos autores afirmam que a socialização do
gênero não é um processo inerentemente harmonioso; diferentes agentes, como a
família, a escola e o grupo de amigos, poderão entrar em conflito entre si.
Além disso, as teorias da socialização ignoram a capacidade dos indivíduos para
rejeitar, ou modificar, as expectativas sociais que envolvem os papéis sexuais.
Como Connell afirmou: «Os agentes da socialização» não geram efeitos mecânicos
num ser em crescimento. Pede-se à criança para participar na pratica social
impondo-lhe determinadas condições. O pedido poderá ser, e é muitas vezes,
coercivo - acompanhado por uma grande pressão para ser aceite e sem se propor
uma alternativa... Mesmo assim, as crianças declinam, ou começam mais
precisamente a tomar a sua própria posição no domínio do gênero. Poderão
rejeitar a heterossexualidade... poderão começar a misturar elementos
masculinos e femininos, o que ocorre, por exemplo, quando as raparigas
[moças] persistem em praticar desportos
competitivos na escola. Poderão iniciar uma ruptura nas suas próprias vidas,
por exemplo, quando os rapazes se vestem a sós com roupas femininas. Poderão
construir uma vida de fantasia que entra em conflito com a sua prática actual
(sic), o que é talvez a prática mais comum. (Connell, 1987) É importante
lembrar que os seres humanos não são objectos (sic) passivos ou receptores
inquestionáveis de uma «programação» do gênero, como alguns sociólogos
sugeriram. As pessoas são agentes activos (sic) que criam e modificam papéis
para si mesmas. Embora seja necessário algum cepticismo (ceticismo)
relativamente a qualquer adopção (sic) na globalidade da teoria dos papéis
sexuais, muitos estudos revelaram que as identidades do gênero são, em certa
medida, fruto das influências sociais. As influências sociais na identidade de
gênero fluem de canais muito diversificados; até os pais que se dedicaram a
educar os filhos de uma forma «não sexista» consideram difícil combater os
padrões existentes de aprendizagem do gênero (Statham, 1986). Os estudos sobre
a interacção (sic) progenitor-criança revelaram, por exemplo, diferenças
distintas no tratamento dos rapazes e das raparigas [moças], mesmo quando os
pais acreditam ter a mesma reacção (sic) com ambos. Os brinquedos, os livros
ilustrados e os programas de televisão para crianças tendem a destacar as
diferenças entre gênero.
Sociologia. GIDDENS, Athony. Tradução de Alexandra Figueiredo, Ana Patrícia Duarte Baltazar, Catarina Lorga da Silva, Patrícia Matos e Vasco Gil. Fundação Calouste Gulbekian. Lisboa 6ª Edição. 2008
Possibilidades do Conhecimento Sociológico 1EM
Possibilidades
do Conhecimento Sociológico
[...] Em face do mundo considerado familiar, governado por rotinas capazes de reconfirmar crenças, a sociologia pode surgir como alguém estranho, irritante e intrometido. Por colocar em questão aquilo que é considerado inquestionável, tido como dado, ela tem o potencial de abalar as confortáveis certezas da vida, fazendo perguntas que ninguém que se lembrar de fazer e cuja a simples menção provoca ressentimentos naqueles que detêm interesses estabelecidos [...]
Há
quem se sinta humilhado ou ressentido se algo que domina e de que se orgulha é
desvalorizado porque foi contestado. Por mais compreensível, porém, que seja o
ressentimento assim gerado, a desfamiliarização pode ter benefícios evidentes.
Pode abrir novas e insuspeitáveis possibilidades de conviver com mais
consciência de se, mais compreensão do que nos cerca em termos de um eu
completo, de seu conhecimento social e talvez com mais liberdade e controle.
Para
todos aqueles que acham que viver a vida de maneira mais consciente vale a
pena, a sociologia é um guia bem-vindo.
Pensar
sociologicamente pode nos tornar mais sensíveis e tolerantes em relação a
diversidade, daí decorrentes sentidos afiados e olhos abertos para novos
horizontes além das experiências imediatas, afim de que possamos explorar
condições humanas até então relativamente invisíveis.
[...]
A arte de pensar sociologicamente consiste em ampliar o alcance e a efetividade
prática da liberdade. Quanto mais disso aprender, mas o indivíduo será flexível
diante da opressão e do controle, e, portanto, menos sujeito a manipulação.
[...]
Nesse
sentido, pensar sociologicamente significa entender de um modo mais completo
quem nos cerca, tanto em suas esperanças e desejos quanto em suas inquietações
e preocupações.
Pensar
sociologicamente, então, tem um potencial para promover a solidariedade entre
nós, uma solidariedade fundada em compreensão e respeito mútuos, em resistência
conjunta ao sofrimento e em partilhada condenação das crueldades que o
causam.
Bauman,
Zygmunt. Aprendendo a pensar com a sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2010. P 24 – 26.
Questões:
1) De
acordo com o texto, por que o pensamento sociológico “tem o potencial de abalar as confortáveis
certezas da vida”?
2) A Sociologia pode
contribuir para que haja mais liberdade de pensamento e de ação? Recorra a
elementos do texto para fundamentar sua resposta.
Violência Escolar 3EM
Leitura de
Texto:‘A violência nas
escolas reproduz a violência na sociedade’, diz educadora
Segundo coordenadora da Unesco, ausência de regras claras entre professores e alunos contribuiu para o aumento dos casos de agressão.
Em Brasília, dois casos de agressão chamaram a atenção do país. Na
maior universidade da capital, um professor acabou no hospital após ser
agredido por um estudante. Em uma escola pública de ensino básico, um aluno foi
morto a facadas pelo colega. “A violência nas escolas reproduz a violência na
sociedade, não é um fenômeno intramuros isolado”, afirma a coordenadora de Ciências
Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Marlova Noleto.
Segundo a educadora, os ambientes escolares deixaram de ser lugares
protegidos e muitos pais perderam a tranquilidade ao levar os filhos à escola.
Ela destaca que a ausência de regras claras de convivência entre alunos e
professores contribui para o aumento da violência.
Para o professor da faculdade de Educação da Universidade de Brasília e
da Universidade Católica Célio da Cunha, há uma profunda crise de valores
humanos. “A violência na escola vem da Idade Média, é uma prática inconcebível
no século XXI. A escola tem que refletir uma cultura de respeito da merendeira
ao diretor”, diz. Cunha defende que é preciso recuperar a dimensão humana da
educação, que foi transformada em um negócio.
A educadora Marlova Noleto aponta para a importância de um bom clima
escola. “Na escola, aprendemos não só a ser, mas a fazer, a viver juntos e a
conhecer. Um conjunto de regras e valores educam para a vida, não educam apenas
no ambiente escolar”, acredita. A especialista reconhece que, em primeiro
lugar, é preciso que o professor goste do que faz. “Ensinar é um ato de amor e
é sempre uma via de mão dupla. É preciso estar aberto para ensinar e aprender”,
aponta.
Em muitos casos, a violência na escola é decorrente do medo de ser
reprovado ou de ameaças que o aluno sofre em casa. A coordenadora da Unesco no
Brasil diz que é preciso incluir as famílias no processo de educação e ajudar
as crianças desde cedo a desenvolver um sentido ético. “Quando estimulamos
nossos alunos a respeitar a diferença, estamos também evitando a violência”,
observa.
Em última instância, destaca Marlova, a educação deve propiciar também
a satisfação dos alunos. “Se o processo de aprendizagem não trouxer também
felicidade, dificilmente aprenderemos com qualidade”, afirma.
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