Conceito de violência
simbólica
trecho Artigo: VIOLÊNCIA SIMBÓLICA PARA PIERRE BOURDIEU: A RELAÇÃO COM ESCOLA CONTEMPORÂNEA
Milene de Oliveira Machado Ramos Jubé1
Milene de Oliveira Machado Ramos Jubé1
Claudia Valente Cavalcante2
Claudia Maria Jesus Castro3
Bourdieu (1997, p. 204)
"considera como violência simbólica toda coerção que só se institui por
intermédio da adesão que o dominado acorda ao dominante (portanto à dominação)
quando, para pensar e se pensar ou para pensar sua relação com ele, dispõe
apenas de instrumentos de conhecimento que têm em comum com o dominante e que
faz com que essa relação pareça natural." Percebe-se assim, que as desigualdades
sociais são multiplicadas pela escola (conservadora), tornando-se permanente a
aristocracia escolar, que acaba desenvolvendo estratégias de auto-(re)
produção. A violência simbólica ocorre
no meio educacional na medida em que exclui o aluno que não se enquadra nos
padrões impostos pela instituição educacional, logo deixando-o às margens do
processo, o que, posteriormente, o leva ao desestímulo e finalmente à exclusão.
A escola, nesse sentido, não busca incluir os desiguais, esses são tidos como
preguiçosos, fracos e incapazes e o fracasso é atribuído a eles como falta de
aptidão ou esforço diante às demandas da escola. Para Bourdieu (1998) violência simbólica, é
vista como a forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição
determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. A violência simbólica se
dá na criação contínua de crenças no processo de socialização, que leva o
indivíduo a se posicionar no espaço social, seguindo os padrões e costumes do
discurso. Devido a esse conhecimento do discurso dominante, a violência
simbólica é manifestação desse conhecimento através do reconhecimento da
legitimidade desse discurso dominante. Assim, violência simbólica, para ele é o
meio de exercício do poder simbólico. Os condicionamentos materiais e
simbólicos agem sobre nós (sociedade e indivíduos) numa complexa relação de
interdependência. Ou seja, a posição social ou o poder que detemos na sociedade
não dependem apenas do volume de dinheiro que acumulamos ou de uma situação de
prestígio que desfrutamos por possuir escolaridade ou qualquer outra particularidade
de destaque, mas está na articulação de sentidos que esses aspectos podem
assumir em cada momento histórico. A
violência simbólica é exercida em todos os meios sociais e também na escola,
segundo Bourdieu (1998). Na sociedade
contemporânea, os pais cada vez mais se distanciam do papel de educar seus
filhos e atribui à escola esse papel , o que se configura como o principal
agente educacional da sociedade atual. E lamentavelmente, ao invés do que se
espera, a escola não vem educando para formar cidadãos e sim para legitimar o
poder simbólico da classe dominante. A
Educação, na teoria de Bourdieu (1992), perde o papel que lhe fora atribuído de
instância transformadora e democratizadora das sociedades e passa a ser vista
como uma das instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam os
privilégios sociais.
Extraído de www.unifimes.edu.br/ojs/index.php/coloquio/article/view/68/237 (acesso em 01/11/2018)
Nenhum comentário:
Postar um comentário